SINOPSE: "Nesta narrativa, o reputado historiador Neil Lochery debruça-se sobre as
suas relações com contactos portugueses do mais alto nível, sobre o
acesso a registos recentemente tornados públicos pelos serviços secretos
e pelos arquivos bancários, e outros documentos não publicados, para
oferecer um retrato revelador dos bastidores da guerra. E conta a
história de como Portugal, um país europeu relativamente pobre, tentando
permanecer neutro, resistindo a extraordinárias pressões, sobreviveu à
guerra não só fisicamente intacto mas também consideravelmente mais
rico. Numa obra extremamente bem documentada, Neill Lochery oferece-nos a
oportunidade única de visitar Lisboa na época em que foi chamada de
Cidade da Luz."
A opinião da Margarida
Não conhecia o autor, apesar de pelos vistos ser especialista em política e história europeia moderna… falha minha!
O tema II Guerra Mundial sempre me fascinou, talvez por ter sido um
marco na História da Humanidade e que mudou o Mundo para sempre. Por
isso e principalmente por o tema central deste livro ser o papel de
Portugal nesse período, achei que seria uma leitura interessante e, quem
sabe, enriquecedora do ponto de vista histórico…
E foi uma boa
aposta! Ainda que ache que podia ter sido um pouco mais aprofundado! É
realmente um bom livro, um bom documento histórico sobre o papel de
Portugal na II Guerra Mundial. Nota-se que o autor fez uma boa pesquisa e
com a sua escrita simples e acessível conseguiu mostrá-la ao leitor. É
um livro sobre História, que nos transmite conhecimento sem ser maçador!
Gostei bastante da forma como escreve e confesso que aprendi muito mais
sobre a Lisboa daqueles anos do que alguma vez aprendi nos meus tempos
de escola!
Entre 1939 e 1945 Lisboa era uma “ponte” para muitos
refugiados, incluindo muitos judeus fugidos de outros países já em
guerra, uma ponte de passagem essencialmente para os Estados Unidos e
Israel, mas também um grande centro de espionagem... para ambos os lados
do conflito… onde espiões de ambos os lados “conviviam pacificamente”
nas ruas, hotéis e locais de diversão por toda a Lisboa! Lisboa era uma
segunda Casablanca, uma cidade repleta de espiões, refugiados,
contrabandistas e… diplomatas.
Salazar, defendeu sempre uma posição
neutra dentro do conflito e era na verdade o seu objectivo principal:
evitar que Portugal entrasse na guerra. Mas na realidade “jogava com um
pau de dois bicos”… não queria melindrar os alemães com medo de uma
possível invasão e como tal ter de entrar na guerra, mas também não
estava interessado em melindrar os aliados para que não pensassem que
apoiava Hitler.
Assim Salazar opta por, publicamente, insistir na
neutralidade de Portugal na guerra! Mas por trás de todo esse interesse
de Salazar na suposta defesa da paz, havia grandes interesses políticos e
económicos e clandestinamente manteve “negócios” com ambas as partes!
Vendeu volfrâmio à Alemanha para produção de armamento, recebendo como
pagamento o polémico Ouro Nazi (vinha de reservas bancárias dos países
ocupados, mas na sua maior parte era ouro roubado às vitimas do
holocausto!). Por outro lado negociava com os aliados o uso das bases
militares dos Açores… e tudo isto enquanto permitia que agentes de ambos
os lados se movimentassem livremente pelas ruas de Lisboa (mas, claro
sempre debaixo do “olho” da PVDE - futura polícia política PIDE).
Todo o livro é um autêntico documento histórico com o qual aprendi
imenso. Consegue transmitir a importância, que apesar de tudo Portugal
teve na guerra. Poderia no entanto ter sido um pouco mais incisivo,
poderia ter mostrado um pouco mais do momento político que se vivia
internamente, o estilo de vida dos portugueses ou até um pouco mais do
papel do português comum, que com certeza terá tido alguma importância e
não se ter cingido tanto às principais figuras publicas ou às
personalidades estrangeiras que por cá passaram nesse período…
Para
finalizar e como parte negativa gostava que não tivesse repetido tantas
vezes que éramos um país de analfabetos ou pelo menos de pouca educação
e cultura… interesseiros e corruptos! Está certo, provavelmente éramos
(vivíamos numa ditadura e não convinha que fossemos demasiado
informados…) é possível que sim…, mas entristeceu-me “ouvir” isso da
boca de um estrangeiro!
É um bom livro e aconselho a quem gosta de História e a quem tiver curiosidade sobre este período, em Portugal!