
SINOPSE: "Côte d'Azur, 1998.
Émilie lutou sempre contra o seu passado aristocrático. Agora, com a
morte da mãe, é obrigada a confrontá-lo pois é a única herdeira do
imponente castelo da família. Mas com a casa vem uma pesada dívida e
muitas interrogações: qual era a finalidade do quarto secreto que
descobre por baixo da adega? Quem é a misteriosa Sophia, que assina um
comovente caderno de poemas? Quem foram os protagonistas da trágica
paixão que mudou o curso da história da família? Londres, 1943. Em
plena Segunda Guerra Mundial, a inexperiente Constance Carruthers é
recrutada pelos serviços de espionagem britânicos e enviada para Paris.
Um incidente separa-a do seu contacto na Resistência Francesa,
obrigando-a a refugiar-se junto de uma família aristocrata que entretém
membros da elite de Hitler ao mesmo tempo que conspira para libertar o
país. Numa cidade repleta de espiões e no auge da ocupação nazi,
Constance vai ter de decidir a quem confiar o seu coração. Constance e
Émilie estão separadas por meio século mas unidas por laços que
resistiram à força demolidora do tempo. Os segredos que o passado
encerra pulsam ainda em busca de redenção."
A opinião da Vera
Quando li “ A Menina na Falésia” de Lucinda Riley, fiquei fã
da autora e não perdi a oportunidade de ler este novo livro. E, mais uma vez, a
autora confirmou o seu talento como exímia contadora de histórias. Fiquei
completamente rendida e encantada com este “Uma espia no meu passado”. Um livro
maravilhoso que me deixou assombrada e me levou às lágrimas.
A autora divide o livro entre as histórias de Emilie e
Constance, que se entrelaçam de forma surpreendente. A acção vive-se em 1998 e
na década de 40, mais precisamente a começar no ano de 1943. Emilie é uma
veterinária que trabalha em Paris. Descende de aristocratas, mas leva uma vida
à margem da sua ascendência. Quando a sua mãe morre, ela herda o chateau da
família e, como única herdeira dos de La Martines, cabe-lhe a decisão de vender
ou de restaurar a única ligação que lhe resta à história da família, sendo que
isso implica mudar a sua vida por completo. Esta personagem é insegura, é
frágil e com pouco amor próprio. Por vezes, considerei-a demasiado tonta,
demasiado iludida e tive vontade de a fazer “acordar para a vida”. Mas a autora
encarregou-se de o fazer por mim e, com o avançar do livro, Emilie vai
finalmente crescer e dar um rumo à sua vida, tomar as decisões certas e lutar
pelos seus objetivos. Na vida de Emilie surge Sebastian, o “cavaleiro andante”
que surge na sua vida “por acaso” na altura em que mais precisa de apoio. A
estória de Seb também é interessante: herdou, juntamente com o irmão, um
castelo no Yorkshire que a avó lhes deixou. Mas a relação deles é tudo menos
pacífica e gostei imenso do desenrolar da situação.
Como referi, a autora foi fazendo uma ligação desta realidade
com uma outra, algumas décadas atrás, em plena Segunda Guerra Mundial. Neste
cenário, a autora insere-nos em pleno contexto de guerra, fornecendo-nos os
pormenores do que se vivia na França ocupada, na Inglaterra e na Alemanha. Esta
parte do livro é, para mim, muito, muito boa, porque é dos temas que mais gosto
de ler e, neste livro, a autora fê-lo muito bem. Conseguimos visualizar todo o
drama vivido naquela altura, a destruição, as injustiças, o medo que se sentia
na pele, mas de uma forma que faz com que nos pareça que estamos lá. Constance
é abordada e torna-se espia da Resistência, quando o seu marido está dado como desaparecido
de Guerra. Depois de semanas de treino, parte para França, mas o destino
troca-lhe as voltas e todos os seus contactos alteraram a sua missão. Terá de
recorrer ao seu último contacto, para ser novamente reintegrada na rede de
espionagem. Mas, quando chega subitamente a casa de Édouard, todo o seu mundo
sofre um grande revés. À mesa, estão os representantes das mais altas patentes
do regime nazi: a SS e a Gestapo.
Para não abrir demasiado os segredos, digo apenas que este
Édouard é pai da nossa protagonista Emilie e Constance é avó de Sebastian. Acho
que este dado deixa no ar uma ligação das famílias, mas, à medida que vamos
lendo, vemos que é mais do que isso. Muito mais. Constance é uma mulher
fabulosa. Admirei a sua atitude, a sua força e determinação. Sofri por ela e
fiquei feliz com ela. Uma verdadeira heroína. Esta é uma grande estória, com
grandes personagens, com uma intensidade surpreendente. Um livro que me vai
ficar no coração. Outras personagens de que gostei, foram o Jean, a Venettia, o
Frederik, a Sophia, o Anton e muitos outros!! Mas não é aconselhável abrir mais
o pano.
É, de facto, um livro recheado que nos enche a alma. Uma
escrita magistral. Recomendo vivamente.