SINOPSE: "Romance feito de diversas histórias que se desenvolvem ao longo dos anos em dois cenários simultâneos - o bairro de la Mangachería, na cidade de Piura, e Santa Maria de Nieva, uma feitoria e missão religiosa perdida na Amazónia -, é na Casa Verde - espaço de tentação e sedução - que a trama atinge o seu expoente.
A génese deste romance deu origem ao pequeno texto História Secreta de Um Romance, do mesmo autor."
A minha opinião
Comecei a ler este livro há dias atrás e não foi uma leitura fácil por diversas razões. Primeiro, porque foi o meu contacto inicial com o trabalho deste autor; segundo, porque Llosa tem uma forma de escrever muito complexa e intrincada; terceiro, porque as histórias dentro da história sem ordem cronológica e a escrita que “desobedece” às regras mais normais tornou este livro pesado.
Até gostei da história, mas a forma como é contada, por vezes torna-a um pouco confusa, requerendo muita atenção do leitor para a seguir e para a assimilar na sua plenitude. Requer disponibilidade e atenção para ser lida, compreendida, admirada; não é adequada a uma leitura de fim de dia, aos “bochechos”. Há muita informação descritiva, muitos diálogos misturados, muito vocabulário rebuscado e pouco usual que não ajudam na fluidez da leitura.
Enfim, um livro escrito por um Prémio Nobel, que requer também “Leitores Nobéis”, se é que me faço entender!
SINOPSE: "Paris, 1854. Um dos homens mais ricos de França, o marquês de Villeclaire tem uma vida luxuosa e despreocupada, onde não falta nada que o dinheiro e a sua posição social possam pagar. Mulheres, jogo, festas, caçadas, palácios…
Mas uma aposta faz com que os destinos de Villeclaire e Catherine Duvernois, uma jovem e misteriosa viúva, se cruzem, numa altura em que uma nuvem negra tolda os dias do belo marquês, prestes a casar, contra sua vontade, com Blanche de Belfort.
A vida de Louis de Villeclaire desmorona-se…
Quem é Catherine Duvernois? E Blanche de Belfort? Alguém está a mentir. Mas quem? Porquê? A resposta mudará para sempre o futuro destas três personagens.
Um romance arrebatador, que se desenrola entre os sofisticados salões da aristocracia parisiense e as deslumbrantes paisagens do vale do Loire, levando os leitores numa viagem inesquecível por cenários de sonho, durante o reinado do Imperador Napoleão III."
A minha opinião
A autora apresenta-nos um romance muito simples com dois apaixonados e uma terceira personagem para completar o triângulo amoroso.
Os protagonistas apaixonam-se do nada, encontram-se no princípio e no fim do livro e… pronto estão apaixonadíssimos. A jovem viúva, pobre e sofredora, sai-lhe a sorte grande, descobre-se que tem berço e até escapa a uma doença esquisita apenas com a presença do seu mais que tudo! O jovem, naturalmente rico e bonito e com pouco para fazer, é pura e simplesmente um bom samaritano, não querendo com isto dizer que não devemos ajudar quem precisa. O terceiro elemento, como não podia deixar de ser, é ambicioso e só quer subir na vida custe o que custar. Todo este enredo pareceu-me um pouco cliché. Por outro lado, é-nos bem retratada uma época, na cidade luz, com toda a extravagância, excentricidade e grandiosidade características da classe nobre na altura.
Ainda que bem escrito e com um certo ritmo, que não deixa morrer a leitura, achei tudo muito forçado e fantasioso demais! Foi, no entanto, uma leitura descontraída e interessante. Darei outra oportunidade a esta autora, mas só depois de consultar várias opiniões.
Aposta indecente foi para mim uma aposta razoável, mas que não me cativou totalmente!
"No mundo, reparo que as pessoas estão quase sempre enervadas e não têm tempo. Até a Avó diz isso muitas vezes, mas ela e o Avô Emprestado não têm empregos, por isso não sei como é que as pessoas com trabalhos conseguem trabalhar e também viver. No Quarto, eu e a Mamã tínhamos tempo para tudo. Se calhar o tempo espalha-se pelo mundo e fica muito fino como manteiga, espalha-se pelas estradas e pelas casas e pelos parques infantis e pelas lojas, por isso só existe uma pequena mancha de tempo em cada sítio e depois têm todos de se apressar para o próximo sítio." (Pág 297)
Já li este livro há algum tempo, escrevi a minha opinião, gravei e esqueci-me de publicar. Mas, como mais vale tarde que nunca, cá está ela!
SINOPSE: "Ana, Joana e Raquel reúnem-se para comemorar os 40 anos de Carla. Mas o que se esperava ser, apenas, um jantar de aniversário animado entre amigas, cedo se transforma numa noite emocionante, onde se vão revelar segredos há muito escondidos e fazer descobertas surpreendentes que irão transformar para sempre as vidas de cada uma destas mulheres. Depois desta noite, Ana, Joana, Raquel e Carla não voltaram a ser as mesmas. Mas a amizade que as une vai-se tornar mais forte e sincera do que nunca."
A minha opinião
Fátima Lopes escreve de forma muito clara, simples, escreve sobre a vida “normal” de pessoas comuns tornando os seus livros bastante acessíveis.
Para mim, esta foi uma leitura rápida de 4 estórias, de 4 percursos diferentes, de 4 segredos, de 4 partilhas que encontram o lugar comum na amizade que liga estas 4 mulheres. São estórias de solidão, medo, resignação, violência, e incerteza que podem ajudar quem as lê. Para mim foram demasiado previsíveis, com um final, também ele previsível! Penso que a Fátima Lopes deveria aprofundar mais a sua escrita, os sentimentos e a construção das personagens, pois achei tudo muito superficial, apesar de temas bem atuais e interessantes.
Um livro simples que, apesar de passar por nós muito rapidamente, teima em deixar a sua pequena marca.
O quarto é um lugar que nunca vai esquecer; o mundo é um sítio que nunca mais olhará da mesma maneira.
SINOPSE: "Para Jack, de cinco anos, o quarto é o mundo todo. É onde ele e a Mamã comem, dormem, brincam e aprendem. Embora Jack não saiba, o sítio onde ele se sente completamente seguro e protegido, aquele quarto é também a prisão onde a mãe tem sido mantida contra a sua vontade. Contada na divertida e comovente voz de Jack, esta é uma história de um amor imenso que sobrevive a circunstâncias aterradoras, e da ligação umbilical que une mãe e filho."
A minha opinião
Através das sábias palavras de um peculiar menino de 5 anos, li "ouvi" e senti esta maravilhosa e inesperada estória que me arrebatou do princípio ao fim do livro!
É uma estória de sofrimento, amor incondicional, liberdade e humanidade. Narra o sofrimento de uma mãe porque está privada da sua liberdade. Narra o amor entre mãe e filho, amor esse que nasce e cresce, durante 5 anos, sem a intervenção de mais ninguém, e que é puro, despretensioso e incondicional. É uma estória de sobrevivência, dura e violenta, contada de uma forma tão ternurenta que nos arrebata logo nas primeiras páginas. É impossível não gostar do pequeno Jack, desde o amor que ele demonstra pela mãe, passando pela visão do seu ínfimo mundo inicial, até à descoberta do mundo real que se afigura contraditório e incoerente aos seus olhos.
Adorei o Jack e foi muito difícil deixar o livro, pois pareceu-me que muito mais havia para dizer, muito mais havia para aprofundar (por exemplo a atitude do avô verdadeiro de Jack pareceu-me demasiado superficial, entre outros pontos) e só por isso não lhe dei a “cotação” máxima.
Com uma escrita clara e muito acessível, Emma Donoghue, conduz-nos através do coração, do amor, da razão e da esperança de uma mãe que ama o seu filho acima de tudo, que o quer ver em liberdade e que o educa com tão pouco, dando-lhe tanto. Conduz-nos através da inocência, da sinceridade, dos receios e da ternura de um menino que só quer ser feliz no seu mundo e ter sempre consigo o amor da sua mãe.
É uma boa lição para quem acha que não é feliz com o que tem, basta tão pouco para encontrar essa felicidade e o Jack é a prova disso.
Um livro de sentimentos que se “pega” ao leitor e que perdurará! 4,5****
SINOPSE: "Lev, um homem ferido pela vida, parte da Europa de Leste para a Grã-Bretanha, à procura de um recomeço para si e para a sua família.
Perseguem-no as memórias dolorosas da mulher falecida, da filha de cinco anos e do extravagante amigo Rudi, que sobrevive, sonhando com o Ocidente.
Em Londres, vagueando pelas ruas hostis e pelos pubs tribais daquela estranha cidade, encontra a promessa de amizade, amor, dinheiro e uma nova carreira.
Mas a voz da filha habita o coração e a mente de Lev, e fá-lo duvidar se conseguirá realmente pertencer a algum lugar."
A minha opinião
Uma estória bem escrita sobre a vida de Lev, um emigrante do Leste Europeu em Inglaterra. O enfrentar da intolerância e da crueldade com que alguns emigrantes são tratados, é bem clara nesta narrativa, não deixando também passar despercebidos alguns atos de bondade e generosidade para com Lev, além de demarcar bem as diferenças socioeconómicas e culturais que qualquer emigrante enfrenta.
É um livro que apela à humanidade e sensibilidade do leitor, mas que não me cativou completamente. Na primeira metade até senti que a leitura se arrastava, melhorou gradualmente ao longo do livro, mas a sensação foi sempre a de que faltava algo mais!
"Como sabem a divulgação de autores portugueses sempre foi uma grande preocupação minha, mas infelizmente não consigo mesmo chegar a todos. Um grande bem haja a todos e tudo de bom para os nossos autores portugueses!"
SINOPSE: "Quando a morte nos conta uma história temos todo o interesse em escutá-la. Assumindo o papel de narrador em A Rapariga Que Roubava Livros, vamos ao seu encontro na Alemanha, por ocasião da segunda guerra mundial, onde ela tem uma função muito activa na recolha de almas vítimas do conflito. E é por esta altura que se cruza pela segunda vez com Liesel, uma menina de nove anos de idade, entregue para adopção, que já tinha passado pelos olhos da morte no funeral do seu pequeno irmão. Foi aí que Liesel roubou o seu primeiro livro, o primeiro de muitos pelos quais se apaixonará e que a ajudarão a superar as dificuldades da vida, dando um sentido à sua existência. Quando o roubou, ainda não sabia ler, será com a ajuda do seu pai, um perfeito intérprete de acordeão que passará a saber percorrer o caminho das letras, exorcizando fantasmas do passado. Ao longo dos anos, Liesel continuará a dedicar-se à prática de roubar livros e a encontrar-se com a morte, que irá sempre utilizar um registo pouco sentimental embora humano e poético, atraindo a atenção de quem a lê para cada frase, cada sentido, cada palavra. Um livro soberbo que prima pela originalidade e que nos devolve um outro olhar sobre os dias da guerra no coração da Alemanha e acima de tudo pelo amor à literatura."
A minha opinião
Parti para a leitura deste livro com a ideia de que ia gostar, obrigatoriamente! Tudo o que li sobre ele era tão positivo que me senti mal, no início, quando estranhei um pouco o estilo diferente da narrativa. No entanto, logo nos primeiros capítulos fiquei presa na narrativa da Morte (sim, este livro é-nos narrado pela boca dessa Senhora), uma narrativa peculiar, que vai da ironia à perspicácia, passando por períodos de reflexão, de indiferença, passando até pela bondade. Fiquei deveras sensibilizada com a Morte, por esta ser tão observadora, crítica e até bondosa com as almas que tem de levar, em particular com as mais inocentes.
Nesta narrativa acompanhamos o caminhar pela vida de Liesel, desde os seus 11 anos, altura em que perde a sua família de raiz e que integra uma nova família, afeiçoando-se quase instantaneamente ao seu novo pai. É uma menina como qualquer outra, com os seus receios, medos, inocência, amizades, traquinices e lealdade sem limites. É uma menina que adora ler. Para ela as palavras são vida e morte, são amor e ódio, são condenação e perdão, são construção e destruição, são silêncio e grito! Para as ter, para as devorar, para as sentir, Liesel rouba livros e não vê nesse ato nada de condenável, mas sim de alimento para a sua vida, para a sua alma.
O facto desta história decorrer durante a 2ª Guerra Mundial, na Alemanha Nazi, dá a este livro um cariz histórico que não podemos ignorar. Por um lado traz-nos o horror da guerra, a morte, as privações, os medos, as incertezas; por outro a luta, a vida, a esperança, o querer, a união, a humanidade. É claramente um livro de sensações!
Toda a história narrada, e todas as personagens criadas, são de tal maneira belas, envolventes, humanas, e reais que não nos é difícil criar ligações com elas, partilhar das suas alegrias e tristezas, dos seus medos e sonhos, ligações essas que nos ficam para lá do final do livro, que nos envolvem e nos acompanham durante algum tempo e que depois vêm à tona em momentos muito especiais.
É um livro para viver e sentir, para partilhar e para guardar num espaço muito especial da nossa alma!
SINOPSE: "May Fitzgerald tem, de repente, tudo o que sempre quis. Depois de anos a sentir-se gorda e pouco atraente e a procurar o amor nos sítios errados, tem finalmente a vida e o homem dos seus sonhos. Tudo devia ser tão perfeito - seguira a sua voz interior e ela conduzira-a à vida mágica com que sonhara. Mas quando a sua nova vida como escritora de sucesso tem início, os velhos demónios de May surgem para a atormentar. As antigas inseguranças reaparecem e ela deixa-se fascinar pela lisonja e pelo brilho da fama. O seu comportamento começa a afectar o namorado e ameaça destruir a relação de ambos. Conseguirá ela dar a volta à situação e provar que realmente é possível ter tudo?"
A minha opinião
Desta autora, é o segundo livro que leio. O 1º pareceu-me interessante e real. A luta de uma mulher pelos seus sonhos foi bem enquadrada e a escrita simples e acessível contribuiu para que tivesse achado o livro interessante.
Com este 2º livro esperava um amadurecimento da personagem, mas deparei-me com tantos altos e baixos, quer e não quer, encontros e desencontros, que achei a estória vazia, sem graça e até aborrecida. Será que esta mulher terá sempre que ter alguém que lhe abra os olhos para fazer as escolhas fundamentais da sua vida?! E que bom que essas ajudas aparecem na hora certa, nem que sejam de cariz espiritual! A personagem não me agradou e a estória é muito previsível e com pouco conteúdo. Foi, mesmo assim, uma leitura leve e descontraída! 2**
SINOPSE: "Tudo começa com um homem saindo de casa, armado, numa madrugada fria. Mas do que o move só saberemos quase no fim, por uma carta escrita de outro continente. Ou talvez nem aí. Parece, afinal, mais importante a história do doutor Augusto Mendes, o médico que o tratou quarenta anos antes, quando lho levaram ao consultório muito ferido. Ou do seu filho António, que fez duas comissões em África e conheceu a madrinha de guerra numa livraria. Ou mesmo do neto, Duarte, que um dia andou de bicicleta todo nu. Através de episódios aparentemente autónomos - e tendo como ponto de partida a Revolução de 1974 -, este romance constrói a história de uma família marcada pelos longos anos de ditadura, pela repressão política, pela guerra colonial. Duarte, cuja infância se desenrola já sob os auspícios de Abril, cresce envolto nessas memórias alheias - muitas vezes traumáticas, muitas vezes obscuras - que formam uma espécie de trama onde um qualquer segredo se esconde. Dotado de enorme talento, pianista precoce e prodigioso, afigura-se como o elemento capaz de suscitar todas as esperanças. Mas terá a sua arte essa capacidade redentora, ou revelar-se-á, ela própria, lugar propício a novos e inesperados conflitos?"
O autor
João Ricardo Pedro nasceu em 1973, na Reboleira, Amadora. Curioso acerca da força de Lorentz, licenciou-se em Engenharia Eletrotécnica pelo Instituto Superior Técnico. Durante mais de uma década, trabalhou em telecomunicações sem, no entanto, alguma vez ter aplicado as admiráveis equações de Maxwell. Na primavera de 2009, em consequência do carácter caprichoso dos mercados, achou-se com mais tempo do que aquele de que necessitava para cumprir as obrigações do quotidiano. Num acesso de pragmatismo, começou a escrever. O Teu Rosto Será o Último é o seu romance de estreia.
Apresento-vos o blogue desta semana: "O tempo entre os meus livros". Um espaço que frequento com bastante assiduidade, pois considero-o um dos mais ricos em informação e opinião.
SINOPSE: "Joseph, um homem à beira dos quarenta anos, acorda desorientado e constrangido num local que não reconhece. Parte numa viagem para encontrar a sua casa, sem saber para onde vai, orientado apenas pela visão preciosa e indelével da mulher que ama.
Antoinette é uma mulher de idade, que vive numa residência para séniores e que se refugiou no seu mundo interior. Aí, o corpo e a mente não a atraiçoaram. Aí, é uma jovem recém-casada com um marido que a idolatra e uma vida inteira de sonhos para viver. Aí, ela está verdadeiramente em casa.
Warren, filho de Antoinette, é um quarentão anos que atravessa uma das fases mais difíceis da sua vida. Com tempo a mais, resolve tentar recriar as recordações de casa confeccionando os melhores pratos da mãe e saboreá-los com ela.
Joseph, Antoinette e Warren são três pessoas que andam à procura de casa, cada uma à sua maneira. No modo como se ligam umas às outras nesta fase crítica das suas vidas reside o fundamento do tipo de história profunda e comovente que nos habituámos a esperar de Michael Baron."
A minha opinião
Uma história de amor muito doce e carinhosa, mas demasiado espiritual, no meu ponto de vista. É uma história demasiado rápida que parece "caída do céu", tudo tão "dourado", irreal demais! Vida para além da morte, amores que encontram a sua continuação na eternidade, uma visão do paraíso muito própria e romanceada, são pontos de vista do autor que ultrapassam a minha realidade! Talvez por isso não tenha sentido a história na sua plenitude.
Baron, afigura-se-me demasiado "espiritualista", não é que eu não tenha alguma fé em algo melhor ou superior, algo que nos dá forças para continuarmos, mas desta forma para mim é muito "radical"!
Adorava ter esta fé sem limites, seria certamente muito mais feliz, mas não, felizmente ou infelizmente sou mais "terra a terra". A minha força, o meu querer, a minha esperança, vêm de quem eu sou, do que faço diariamente e do amor que dou e recebo das pessoas que fazem parte de mim, da minha vida! Acredito que não morremos, mas só até que alguém se lembre de nós, porque fizemos parte duma vida e partilhámo-la ou porque fizemos algo de grandioso que perdurará. Depois... para a maioria, há realmente um fim, tem que haver!
SINOPSE: "No seio de uma aldeia beirã, Olímpia Vieira começa a sofrer os sintomas de uma demência que ameaça levar-lhe a memória aos poucos. A única pessoa que lhe ocorre chamar para assisti-la é a sua nora viúva, Letícia. Mas Letícia, que se faz acompanhar das duas filhas, tem um passado de sobrevivência que a levou a cometer um crime do qual apenas a justiça a absolveu.
Perante a censura dos aldeões, outrora seus vizinhos e amigos, e a confusão mental da sogra, Letícia tenta refazer-se de tudo o que perdeu e dos erros que foi obrigada a cometer por amor às filhas. O passado é evocado quando Sebastião, amigo de infância de Olímpia, surge para ampará-la e Gabriel, protagonista da vida paralela que Letícia gostaria de ter vivido, dá um passo à frente e assume o seu papel de padrinho e protector daquelas três figuras solitárias…"
A autora
Célia Correia Loureiro nasceu em Almada, em 1989. Licenciou-se em Informação Turística pela Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril, mas garante que a sua vocação é a escrita. Desde cedo começou a contar histórias através de ilustrações. Aos doze anos leu o seu primeiro romance e, desde aí, não parou de ler nem de escrever. Com algumas obras terminadas, apresenta-se aos leitores através da Alfarroba com este “Demência”, terminado em 2011. Explora temáticas actuais através de um olhar sobre o ombro à história nacional, intercalando frequentemente nos seus enredos uma actualidade dispersa com um passado romanceado e justificativo. Afirma que as histórias que conta não são a história de ninguém, mas que serão certamente a história de alguém.
Goodreads
Book Trailer
A minha opinião
Gosto de ler autores portugueses, e há-os tão bons! Gosto de ler os novos autores, pois sem leitores e oportunidades não os há! Gosto de ler sobre a nossa terra, as nossas raízes, a nossa identidade! Gosto de ler em português!
Quando adquiri o livro, à própria autora, foi com a intenção de contribuir para o “abrir de portas” a quem é novo, foi porque o título e a sinopse me despertaram interesse e foi por pura curiosidade acerca da jovem que enveredou por um tema que considero muito difícil. Por vezes, antes de ler um livro, procuro algumas opiniões, com este aconteceu precisamente o contrário, não me quis influenciar.
Logo nas primeiras páginas senti que o tema era realmente doloroso e difícil e a autora não o temeu! À demência juntou ódio, violência doméstica, assassinato, culpa, arrependimento, amizades, diferentes tipos de amor; tudo isto centrado numa pequena aldeia beirã, envolta nas suas realidades, julgamentos, rancores e perdões.
É um livro que tem como base principal o amor das mães pelos seus filhos e tudo o que são capazes de fazer por eles, incondicionalmente.
Da história, não vou falar mais, pois considero-a demasiado boa, logo devem lê-la para comprovarem. No entanto, tenho alguns pontos que não posso deixar de referir. Sou professora e sei que não seria possível uma “colocação na escola” do tipo da descrita, mas aceito pois estou a ler ficção. Fiquei sensibilizada com a descrição da autora, em relação às turmas com vários níveis no primeiro ciclo, e às dificuldades inerentes a essa situação. Seria tão bom que pudéssemos resolver este problema da mesma forma que o Gabriel o resolveu. Teríamos certamente escolas mais autónomas, na verdadeira acessão da palavra, podendo chegar a todos os alunos da forma que eles merecem. A escrita da autora surge-nos de forma fluída, simples e arrebatadora, ainda que no início pareça um pouco complicada (talvez devido à estrutura frásica usada). No entanto, foi aperfeiçoada claramente ao longo da narrativa. No geral, a escrita, a alternância passado/presente e o esmiuçar de sentimentos tão dispares, tornam o livro tão intenso que prende o leitor sem qualquer reserva. Senti a autora crescer com o desenrolar da história, senti a sua segurança criar raízes, senti a autora nascer e afirmar-se no panorama literário sem precisar de “enfeites”, porque tem talento.
É um livro fantástico, bem escrito e com uma história que nos arrebata. Foi uma enorme surpresa, não esperava tanta intensidade na narrativa e tanta profundidade de sentimentos e conhecimentos por parte de alguém tão novo. As personagens e os acontecimentos ficam tão vincados na nossa memória, entranham-se tanto na nossa mente que até parecem verdadeiros, ficam connosco e acompanham-nos para lá do livro.
Concluindo, antevejo um futuro promissor para esta autora!
SINOPSE: "O protagonista do primeiro livro infantil de José Luís Peixoto é filho da chuva. Com uma mãe tão original, tão necessária a todos, tem de aprender a partilhar com o mundo aquilo que lhe é mais importante: o amor materno. Através de uma ternura invulgar, de poesia e de uma simplicidade desarmante, este livro homenageia e exalta uma das forças mais poderosas da natureza: o amor incondicional das mães."
SINOPSE: "O coração de Valerie está dividido. Os pais querem que ela case com Henry, o filho do ferreiro, um rapaz gentil. Mas Valerie está apaixonada por Peter, um jovem lenhador de espírito independente e misterioso. O mundo está contra eles, mas os dois jovens apaixonados não imaginam viver um sem o outro e estão dispostos a lutar por isso. Tudo muda quando a irmã mais velha de Valerie aparece morta. Suspeita-se do Lobo, uma criatura temível que assombra a floresta em redor da aldeia. É com horror que os habitantes da aldeia descobrem que durante o dia o Lobo assume forma humana e pode ser qualquer um deles. O perigo está à espreita e ninguém está a salvo. As vítimas do Lobo não param de aumentar e Valerie começa a suspeitar que o Lobo pode ser uma pessoa muito próxima de si. Ela é a única que consegue ouvir a voz da criatura. E a mensagem do Lobo é muito clara: se Valerie não se render antes de a lua de sangue desaparecer do céu, todos os que ela ama morrerão."
A minha opinião
Surpresa, não tem nada a ver com a Capuchinho! Gostei, uma fantasia leve, interessante e muito bem escrita, mas continuo a preferir o filme. Só não gostei, porque me venderam o livro incompleto, lol, não gostei da ideia do último capítulo estar online, num site. Mas enfim é a originalidade!!!!!!
A dinamização deste espaço tem como objetivo levar até vós um Blog diferente, todas as semanas.
Esta semana vou até ao Blog da Verovsky: "Menina dos policiais". Não compro policiais sem antes consultar este espaço, pois considero as opiniões da Vera muitíssimo válidas.
Sigo este blog há imenso tempo e é espetacular! Comprovem!
"André Letria nasceu em Lisboa, em 1973. Frequentou o curso de Pintura da Faculdade de Belas Artes de Lisboa.
Trabalha como ilustrador desde 1992, ilustrando regularmente livros para crianças e colaborando com diversas publicações periódicas. Ganhou diversos prémios donde se destacam o Prémio Nacional de Ilustração, em 2000; o Prémio Gulbenkian, em 2004; ou um Award of Exellence for Illustration, atribuído pela Society for News Design (EUA). Está publicado em diversos países, como EUA, Inglaterra, Espanha ou Turquia.
Participou em exposições na área da ilustração infantil, como a Bienal de Bratislava, em 1995 e 2005; Bolonha, em 2002; Sarmede, em 1999, ou Ilustrarte, em 2003, 2005 (Menção Especial) e 2009. Está incluído na secção “Children’s Books” da edição de 2009 do anuário de ilustração 3x3, tendo ganho uma “Silver Medal” com uma das séries apresentadas. Trabalhou como cenógrafo para a Companhia Teatral do Chiado, de 2000 a 2005. Realizou a curta metragem Zé Pimpão, o «Acelera», baseada no livro com o mesmo nome, de José Jorge Letria, com a qual ganhou o prémio Melhor Filme Português no Festival Animatu 2007.
Realizou e escreveu a série de animação Foxy & Meg, baseada numa coleção de livros e personagens com o mesmo nome. Criou e co-organiza o Farol de Sonhos – Encontro sobre o Livro e o Imaginário Infantil."
"Tentou mexer as pernas, mas os joelhos bateram no tampo do caixão.
Calma, pensou. E sentiu uma chuva de serenidade a cair-lhe uniforme sobre o corpo deitado. As mãos perderam a forma. Pousou as pálpebras sobre os olhos. Seria de noite ou de dia? O seu tempo já não tinha noites ou dias. Naquele absoluto, naquele ar que se tornava sólido, o seu tempo era feito de instantes muito lentos. A velha Lubélia, velha, velha, esperava por eles, aceitava-os." (Pág. 161)
In Livro de José Luís Peixoto
Não resisto a deixar aqui mais uns apontamentos.
"Apagava-se a despedida, a falta dissolvia-se.”
"...sombras de hera que se atiravam pelo muro..."
"A terra respirava."
"...uma vírgula iniciara o percurso em direção ao seu útero."
"Tinha o silêncio diante de si..."
“Prefiro ignorar aquilo que toda a gente está a ler. Para o bem e para o mal, tenho tempo. Acalento a imagem de leitor solitário, único leitor de páginas que as multidões já esqueceram. Concedo-me o direito de fruir as minhas ilusões, se for por consciência, não é por ingenuidade.”
SINOPSE: "Este livro elege como cenário a extraordinária saga da emigração portuguesa para França, contada através de uma galeria de personagens inesquecíveis e da escrita luminosa de José Luís Peixoto. Entre uma vila do interior de Portugal e Paris, entre a cultura popular e as mais altas referências da literatura universal, revelam-se os sinais de um passado que levou milhares de portugueses à procura de melhores condições e de um futuro com dupla nacionalidade. Avassalador e marcante, Livro expõe a poderosa magnitude do sonho e a crueza, irónica, terna ou grotesca, da realidade. Através de histórias de vida, encontros e despedidas, os leitores de Livro são conduzidos a um final desconcertante onde se ultrapassam fronteiras da literatura. Livro confirma José Luís Peixoto como um dos principais romancistas portugueses contemporâneos e, também, como um autor de crescente importância no panorama literário internacional."
A minha opinião
Foi com enormes expetativas que parti para a leitura de mais um livro de José Luís Peixoto.
Não estava à espera de uma escrita fácil, porque a escrita deste autor não o é, assim como não são todas as escritas com cariz poético. Peixoto escreve sentimentos, emoções sem fim, alegria, tristeza raiva, amor, escolhas,…de uma forma poética muito própria e incomum. Para um autor tão novo é de louvar os seus conhecimentos e a forma de os transmitir. Transporta-nos para dentro dos livros, faz-nos viver/reviver momentos, mexe com todos os sentimentos possíveis e inquieta-nos.
Livro, está dividido em duas partes distintas, adorei a primeira e gostei da segunda. É um livro de personagens e não de personagem, todas elas são importantes no desenrolar da trama. Um livro que me surpreendeu pela originalidade, pela ousadia, é um livro dentro de um livro, diferente, com uma história simples, mas carregada de sentimentos, com técnicas que prendem o leitor de forma enérgica e interessante. Livro fala-nos de um livro, Livro é uma personagem, Livro é um livro que me seduziu!
Livro, só veio consolidar ainda mais a posição deste autor no panorama literário português. Tenho muito orgulho dos escritores que temos e um carinho muito especial por este porque cresceu aqui perto, no meu distrito.
Leiam, quem já conhece ficará encantado e quem resolver experimentar, não se irá arrepender!
O autor
Nasceu em 1974, em Galveias, concelho de Ponte de Sôr (Portalegre). É licenciado em Línguas e Literaturas Modernas (Inglês e Alemão) pela Universidade Nova de Lisboa. Publicou, durante vários anos, textos de poesia e prosa no suplemento DN Jovem. Foi, durante alguns anos, professor do ensino secundário, tendo dado aulas na Lousã, em Oliveira do Hospital e na Cidade da Praia, em Cabo Verde. Vencedor do Prémio Jovens Criadores do Instituto Português da Juventude nos anos de 1998 e 2000, tinha já publicado, antes de Nenhum Olhar, vários conjuntos de poemas, nos cadernos Átis, e a ficção breve Morreste-me, dada à estampa em Maio de 2000, numa edição de autor rapidamente esgotada. Em Outubro de 2000 publicou, na Temas e Debates, o seu primeiro romance, Nenhum Olhar, que lhe valeu de imediato um largo reconhecimento da crítica, plenamente confirmado com o facto de ter vencido, no ano seguinte o Prémio José Saramago, da Fundação Círculo de Leitores, e foi considerado finalista para a atribuição de dois dos mais importantes prémios literários desse mesmo ano: o Grande Prémio de Romance e Novela da APE e o Prémio do Pen Club. Foram estes dois livros que, já traduzidos em quatro línguas e em negociação para várias outras, lhe garantiram o lugar que hoje ocupa como um dos jovens romancistas de maior destaque na Europa. O livro de poesia A Criança em Ruínas, lançado em 2001 e com edições sucessivas, constituiu um novo êxito de público e de crítica. O lançamento de Uma Casa na Escuridão (romance) e de A Casa, a Escuridão (poemas), feito em simultâneo em Outubro de 2002, é outro marco importante no percurso do autor, pela originalidade de uma ficção e de um livro de poemas que remetem para um mesmo e fortíssimo universo ficcional. Tendo representado Portugal em diversos eventos literários internacionais (Paris, Madrid, Frankfurt, Zagreb, entre outros), foi em 2002 o primeiro autor português convidado para a residência de escritores na Ledig House, em Nova Iorque. É colaborador regular de vários jornais e revistas como o DNA (Diário de Notícias), e o Jornal de Letras.
A vencedora do Passatempo do mês de abril e que ganhou o livro Crepúsculo de Stephenie Meyer é Isabel Cristina Azevedo - Amadora. Parabéns à contemplada!
Agradeço aos 55 participantes e, não fiquem tristes, no mês de maio há outro passatempo. :)