SINOPSE: "No seio de uma aldeia beirã, Olímpia Vieira começa a sofrer os sintomas de uma demência que ameaça levar-lhe a memória aos poucos. A única pessoa que lhe ocorre chamar para assisti-la é a sua nora viúva, Letícia. Mas Letícia, que se faz acompanhar das duas filhas, tem um passado de sobrevivência que a levou a cometer um crime do qual apenas a justiça a absolveu.
Perante a censura dos aldeões, outrora seus vizinhos e amigos, e a confusão mental da sogra, Letícia tenta refazer-se de tudo o que perdeu e dos erros que foi obrigada a cometer por amor às filhas. O passado é evocado quando Sebastião, amigo de infância de Olímpia, surge para ampará-la e Gabriel, protagonista da vida paralela que Letícia gostaria de ter vivido, dá um passo à frente e assume o seu papel de padrinho e protector daquelas três figuras solitárias…"
Célia Correia Loureiro nasceu em Almada, em 1989. Licenciou-se em Informação Turística pela Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril, mas garante que a sua vocação é a escrita. Desde cedo começou a contar histórias através de ilustrações. Aos doze anos leu o seu primeiro romance e, desde aí, não parou de ler nem de escrever. Com algumas obras terminadas, apresenta-se aos leitores através da Alfarroba com este “Demência”, terminado em 2011. Explora temáticas actuais através de um olhar sobre o ombro à história nacional, intercalando frequentemente nos seus enredos uma actualidade dispersa com um passado romanceado e justificativo. Afirma que as histórias que conta não são a história de ninguém, mas que serão certamente a história de alguém.
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A minha opinião
Gosto de ler autores portugueses, e há-os tão bons! Gosto de ler os novos autores, pois sem leitores e oportunidades não os há! Gosto de ler sobre a nossa terra, as nossas raízes, a nossa identidade! Gosto de ler em português!
Quando adquiri o livro, à própria autora, foi com a intenção de contribuir para o “abrir de portas” a quem é novo, foi porque o título e a sinopse me despertaram interesse e foi por pura curiosidade acerca da jovem que enveredou por um tema que considero muito difícil. Por vezes, antes de ler um livro, procuro algumas opiniões, com este aconteceu precisamente o contrário, não me quis influenciar.
Logo nas primeiras páginas senti que o tema era realmente doloroso e difícil e a autora não o temeu! À demência juntou ódio, violência doméstica, assassinato, culpa, arrependimento, amizades, diferentes tipos de amor; tudo isto centrado numa pequena aldeia beirã, envolta nas suas realidades, julgamentos, rancores e perdões.
É um livro que tem como base principal o amor das mães pelos seus filhos e tudo o que são capazes de fazer por eles, incondicionalmente.
Da história, não vou falar mais, pois considero-a demasiado boa, logo devem lê-la para comprovarem. No entanto, tenho alguns pontos que não posso deixar de referir. Sou professora e sei que não seria possível uma “colocação na escola” do tipo da descrita, mas aceito pois estou a ler ficção. Fiquei sensibilizada com a descrição da autora, em relação às turmas com vários níveis no primeiro ciclo, e às dificuldades inerentes a essa situação. Seria tão bom que pudéssemos resolver este problema da mesma forma que o Gabriel o resolveu. Teríamos certamente escolas mais autónomas, na verdadeira acessão da palavra, podendo chegar a todos os alunos da forma que eles merecem. A escrita da autora surge-nos de forma fluída, simples e arrebatadora, ainda que no início pareça um pouco complicada (talvez devido à estrutura frásica usada). No entanto, foi aperfeiçoada claramente ao longo da narrativa. No geral, a escrita, a alternância passado/presente e o esmiuçar de sentimentos tão dispares, tornam o livro tão intenso que prende o leitor sem qualquer reserva. Senti a autora crescer com o desenrolar da história, senti a sua segurança criar raízes, senti a autora nascer e afirmar-se no panorama literário sem precisar de “enfeites”, porque tem talento.
É um livro fantástico, bem escrito e com uma história que nos arrebata. Foi uma enorme surpresa, não esperava tanta intensidade na narrativa e tanta profundidade de sentimentos e conhecimentos por parte de alguém tão novo. As personagens e os acontecimentos ficam tão vincados na nossa memória, entranham-se tanto na nossa mente que até parecem verdadeiros, ficam connosco e acompanham-nos para lá do livro.
Concluindo, antevejo um futuro promissor para esta autora!
Estou à espera do próximo livro, ansiosamente!
Clarinda, fiquei super motivada pela sua crítica (não pense que me vou recostar nela e não me esforçar mais nos próximos - a propósito, sai já um em Junho). Não tinha associado a sua profissão (não sabia que era professora) ao livro. Fico super satisfeita que tenha gostado deste modo, e que me tenha escrito com palavras tão esperançosas. Obrigada sobretudo pelo voto de confiança e por querer apostar no que é nacional.
ResponderEliminarDesejo-lhe óptimas leituras e espero poder vir a proporcionar-lhe boas leituras da minha própria autoria!