A mão do diabo - Opinião

SINOPSE: "A crise atingiu Tomás Noronha. Devido às medidas de austeridade, o historiador é despedido da faculdade e tem de se candidatar ao subsídio de desemprego. À porta do centro de emprego, Tomás é interpelado por um velho amigo do liceu perseguido por desconhecidos.
O fugitivo escondeu um DVD escaldante que compromete os responsáveis pela crise, mas para o encontrar Tomás terá de decifrar um criptograma enigmático.
O Tribunal Penal Internacional instaurou um processo aos autores da crise por crimes contra a humanidade. Para que este processo seja bem-sucedido, e apesar da perseguição implacável montada por um bando de assassinos, é imperativo que Tomás decifre o criptograma e localize o DVD com o mais perigoso segredo do mundo.
A verdade oculta sobre a crise.
Numa aventura vertiginosa que nos transporta ao coração mais tenebroso da alta política e finança, José Rodrigues dos Santos volta a impor-se como o grande mestre do mistério. Além de ser um romance de cortar o fôlego, A Mão do Diabo divulga informação verdadeira e revela-se um precioso guia para entender a crise, conhecer os seus autores e compreender o que nos reserva o futuro."

A minha opinião

Mais um livro que o autor escreve à volta da personagem do historiador Tomás Noronha, e que nesta estória acaba desempregado devido à crise. Mesmo assim, acolhe um amigo e vê-se, desta forma, envolvido numa espiral diabólica que começa com a morte do já referido amigo e numa trama por resolver envolta em mistério, corrupção política e económica, crime, pirataria informática,…

É uma narrativa muito interessante, está bem fundamentada e escrita de forma a prender do início ao fim do livro. É impossível parar. A narrativa tem mestria, tem encadeamento, tem movimento. Está escrita de forma a transmitir a informação sem nos cansar, sem nos aborrecer, mantendo o leitor sempre a querer mais e a pensar constantemente nas premissas dos acontecimentos e nas possibilidades de resolução. Apela ao nosso sentir à nossa capacidade de crítica, à nossa sensibilidade como integrantes reais desta ficção. Revemo-nos no argumento e identificamos, sem qualquer esforço, personagens que o autor considera “ficcionais”, com agentes reais da nossa economia e política, do nosso dia-a-dia televisivo, da nossa realidade como população envelhecida, com uma economia pouco competitiva e com políticos corruptos e de má-fé. A ligação ficção/realidade é de tal maneira perfeita que se torna harmoniosa e facilmente credível. No fim desta leitura ficamos mais esclarecidos acerca do que se passa nos meandros de um país em crise e os seus porquês.

Este livro fala de nós, do nosso passado, do nosso presente e de um nosso possível futuro. Um passado complicado, um presente difícil e um futuro possivelmente desastroso, que parece ter a assinatura feita pela mão do diabo.

José Rodrigues dos Santos no seu melhor!