Na aflição do teu olhar
pressinto o tumulto das palavras
impossíveis
aquelas a quem roubaram o sangue
o ventre os seios
e por isso se tornaram inférteis.
Pressinto o descodificar da duvida
e a insuficiência
com que são atiradas p'ra vida
no momento em que caem no chão
escorregadas das mãos de um poeta
qualquer.
É nesse silêncio nefasto
onde não consegues habitar
que a tua boca saliva com prazer
vocábulos adulterados
e vomitados pela ausência da estrutura
indestrutível da tua voz
Diria eu, que é nesse momento
que o poema te atravessa o peito
e repudias a insignificância
das palavras acorrentadas.
As aves nocturnas vestem-se de luz
inundando-te o olhar...
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