Dora Bruder - Opinião

SINOPSE: "Anos atrás, o narrador depara-se com um anúncio publicado no Paris-Soir de 31 de dezembro de 1974: «Procura-se uma rapariga, Dora Bruder, de 15 anos...» Quem era Dora Bruder? Desde esse dia, o destino da jovem judia enredada nas malhas da ocupação nazi nunca mais o largou, obcecado que estava em reconstruir a sua história até aos momentos finais no campo de Auschwitz. Este livro (como aliás, toda a obra do autor) é assim um combate contra o esquecimento, uma afirmação portentosa dos caminhos redentores da memória - contra tudo aquilo que nos macula e destrói. Com ele, Modiano escreveu porventura a sua melhor obra - e uma das mais notáveis da moderna literatura francesa."

A minha opinião

Este foi o meu primeiro contacto com a escrita de Modiano.

Em apenas cento e poucas páginas ficamos a conhecer a “possível” história de Dora, uma jovem judia que desaparece no ano de 1941, em França, durante a ocupação alemã, aquando da Segunda Guerra Mundial.

 O autor fica “obcecado” com a reconstrução da história de vida de Dora e esforça-se por encontrar pontos de ligação entre si e Dora, uma vez que partes da vida de Modiano passaram pelos mesmos caminhos da jovem.

A narrativa é pouco vulgar, dela fazem parte pesquisa, avanços, recuos e recordações que são amplamente melancólicas, fascinantes e muitas vezes dececionantes.

O autor parece perseguir um fantasma nesta ânsia de querer “encontrar” Dora Bruder.

Com base em alguns documentos como fotos e cartas e principalmente em memórias, a narrativa é construída traçando paralelismos entre as vidas narradas.

O desenrolar da narrativa é hipnotizante, enche-nos de nostalgia, é comovente e deixa-nos um travo amargo, pois as verdadeiras histórias desta época são desesperantes, revoltantes, amargas e com finais brutais, no bom e no mau sentido.

Modiano mexe com os seus fantasmas e expõe os nossos. Esta é uma das características da sua narrativa que me encantou e me surpreendeu.

Um livro que fala de momentos perdidos de coisas perdidas e enterradas sob o passar dos tempos. Estranho, intenso e diferente!