O anjo caído - Opinião

SINOPSE: "Depois de ter sobrevivido por um triz à sua mais recente missão, Gabriel Allon, o herói dos serviços secretos israelitas, refugiou-se por detrás dos muros do Vaticano, onde se encontra a restaurar uma das obras-primas de Caravaggio. Mas certa manhã, bem cedo, é chamado à Basílica de São Pedro por monsenhor Luigi Donati, o influente secretário privado de Sua Santidade o Papa Paulo VII. Foi encontrado o cadáver de uma bela mulher debaixo da magnífica abóbada de Miguel Ângelo. A polícia do Vaticano suspeita de suicídio, mas Gabriel não concorda.
E, segundo parece, o mesmo se passa com Donati, que receia que uma investigação pública possa vir provocar no seio da Igreja e, por isso, chama Gabriel para que ele descubra discretamente a verdade. Com uma advertência: «Regra número um no Vaticano», diz Donati. «Não faça demasiadas perguntas.»
Gabriel descobre que a mulher morta desvendara um segredo perigoso, que ameaça uma organização criminosa que anda a pilhar tesouros da Antiguidade e a vendê-los a quem oferecer mais dinheiro. Mas não se trata apenas de ganância. Um agente misterioso planeia uma sabotagem que irá mergulhar o mundo num conflito de proporções apocalípticas…"

A opinião da Margarida 

Já tinha saudades de Gabriel Allon, o meu espião preferido… que depois da última e atribulada aventura só queria reformar-se e viver feliz e tranquilo ao lado da sua Chiara!... 

Infelizmente, para ele não há tranquilidade! E está de volta! Felizmente para nós… mais uma história espantosamente bem escrita e emocionante de Daniel Silva…

Mais um grande livro da série Gabriel Allon. Usando a mesma fórmula dos anteriores, Daniel Silva consegue prender-nos da primeira à última página! E embora a série tenha um fio condutor, mesmo quem não a tenha lido por ordem cronológica, não se perde pois Daniel Silva tem o cuidado de em todos os livros da série, nos ir dando breves “flashbacks” do passado e dos acontecimentos de “uma outra vida”, que marcaram Gabriel e que ainda se reflectem no presente e de imediato se nos torna uma figura familiar.

Gabriel é, para quem não sabe e muito resumidamente, um espião/assassino israelita conhecido (e temido) pelos seus penetrantes olhos verdes e têmporas grisalhas, um dos melhores agentes do serviço secreto de Israel. Foi responsável pela execução de seis dos 12 membros do "Setembro Negro", o grupo palestiniano que raptou e matou 11 atletas de Israel nos jogos olímpicos de Munique, em 1972. É também um dos maiores restauradores de arte do mundo (a sua verdadeira paixão). Tem uma relação especial com o Vaticano, sendo um grande amigo de monsenhor Luigi Donati, o secretário particular de Sua Santidade e mesmo do próprio Papa Paulo VII a quem já salvou a vida num atentado.

Graças a esta relação de amizade vê-se inúmeras vezes envolvido em situações que envolvem o Vaticano e é uma dessas situações que dá o mote para mais um extraordinário thriller de espionagem. Gabriel, que anseia retirar-se da acção e refugiar-se num qualquer lugar com a sua bela e jovem esposa Chiara, encontra-se no Vaticano a terminar o restauro de uma das obras-primas de Caravaggio, quando é chamado, por monsenhor Donati, para investigar discretamente (pois receia o que uma investigação pública possa provocar no seio da Igreja) a morte de Claudia Andreatti, a jovem curadora do Museu do Vaticano, na Basílica de São Pedro. Embora a polícia do Vaticano suspeite tratar-se de um suicídio, monsenhor Donati não concorda. As suas suspeitas são confirmadas por Gabriel que se dispõe a investigar tão discretamente quanto possível, mas quando descobre que a vítima investigava há já algum tempo casos de corrupção e comércio ilegal de antiguidades a nível internacional, a pedido do próprio Donati, acredita que a sua morte possa estar ligada com algumas das descobertas que fez e com acções terroristas. E assim, mais uma vez se vê obrigado a voltar à sua vida de espião, e rapidamente se vê arrastado para o conflito Israelo-Palestiniano (do qual na realidade nunca esteve afastado), para as ligações do Hezbollah com o comércio ilegal de antiguidades roubadas, para mundo da alta finança, o extremismo religioso e o envolvimento do governo iraniano e do seu programa de desenvolvimento de armas nucleares. 

A partir daqui, a trama depressa se transforma em mais uma história de espionagem ao mais alto nível e que nos conduz a uma ameaça bem real de um conflito à escala mundial.

Numa viagem frenética vamos acompanhando a sua investigação através de Roma, Berlim, Viena, os Alpes Suíços, Jerusalém... descobrindo novas pistas e ligações, que vão desde segredos que envolvem o próprio Donati e o Vaticano à Terra Santa e que entre voltas e reviravoltas, nos levam ao culminar da história em Jerusalém, com a vista do Papa Paulo VII durante o período da Páscoa, tendo Gabriel como seu segurança privado - o seu “anjo protector”, que para além de ter que garantir a protecção de Sua Santidade tem ainda a responsabilidade de impedir uma acção terrorista que, além de provocar uma revolta no mundo árabe, poderá causar um conflito internacional a uma escala nunca antes vista. 

Acção e suspense até à última página! Espionagem, perigo, segredos, ameaças terroristas, extremismo e radicalismo religioso, voltas e reviravoltas q.b. garantem um thriller de excepcional qualidade e umas horas de deliciosa leitura!

Daniel Silva fez, sem dúvida, uma excelente investigação e com a sua já conhecida habilidade, ao mesmo tempo, que nos transmite um conhecimento profundo sobre a história do conflito israelo-palestiniano, conduz-nos pelos meandros da espionagem internacional e do mundo árabe envolvendo-nos em todas as acções e planos de espionagem, descritos de forma magistral e que nos fazem querer mais…  

De destacar as descrições dos locais por onde a trama se desenvolve, em especial Jerusalém e alguns outros lugares sagrados, tanto para cristãos e judeus como para árabes.

Correndo o risco de me repetir é um livro que prende do princípio ao fim e que nos faz não o querer pousar. Recomendo a sua leitura a que aprecia um bom thriller!

Cinco estrelas, porque não posso dar mais!