SINOPSE: "História de uma criança
de 8 anos, contada na primeira pessoa, que vê o mundo e todas as coisas
como manifestações da voz de Deus. É a aventura da candura e da
ingenuidade através dos complexos meandros da fé e dos comportamentos
humanos. Criado no seio de uma família extensa, o narrador vai
assistindo ao esvaziar da sua casa e à dificuldade de explicar esse
fenómeno à luz dos supostos desígnios divinos. Entre o profundamente
terno e a delicadeza da infância surge uma necessidade de sobrevivência,
um engenho maior do instinto humano que é sempre, neste livro, pautado
pela necessidade de amar o próximo."
A minha opinião
Este é o romance de estreia da valter
hugo mãe. Faz parte de uma tetralogia da qual já li “o apocalipse dos
trabalhadores”. Fiquei fã da escrita deste autor por ser diferente, irreverente
e ter uma base fortemente poética. A sua forma de escrever prende-nos como
leitores porque é uma escrita crua, dura e arrebatadora.
Esta história é contada na primeira pessoa por um menino de 8 anos, em 1970 (nessa altura tinha eu 4 anos), e conseguiu fazer-me reviver e recordar passagens desse tempo, nos anos finais do salazarismo. Este menino vive num vai e vem entre o bem e o mal, vive na dura e pobre realidade que o cerca e num mundo cheio de magia e fantasia, de medos e anseios marcado pela forte crença em Deus. Fala-nos da infância aos olhos de uma criança ingénua dividida entre um céu e um inferno. Fala-nos da tentativa de compreensão do mundo, dividido entre uma aldeia piscatória e a visão da igreja na época. O desejo desta criança é simplesmente ser salva, ter o seu lugar de paz no céu, sobreviver. Será ou não um desejo universal?!
Um primeiro romance muito bom! Um autor que, para mim, é obrigatório seguir.
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