Já nem sei, quantos degraus subi
Já nem sei, em que esquinas me demorei
nem os sóis que sem querer apaguei
ao longo - de um longo - caminho que percorri.
Onde estais, que não ouvis a minha voz?
em que lugares ela se perdeu de tanto se afirmar?
cantando com os pássaros canções de embalar.
em noites rumorosas de vento veloz.
:
:
:
Eu sei!
Talvez os meus sonhos tenham amarelecido
ou as minhas palavras tenham perdido
a doçura pueril das pétalas virgens
adormecidas no meu corpo.
Espera!
Só mais um pouco,
Ouve-me!
eu só quero falar de amor...
deste amor com que te dou o sangue a beber
desta febre que exalta palavras que não sabem rimar
deste fervor com que me atrevo a juntar letras
Apenas para falar de amor:
Desse rio, sem margens, sem terra, sem luar,
sobranceiro de todos os lugares
ocultados, esquecidos, sem véspera nem amanhã.
[Como se o amanhã existisse sempre, e as palavras
pudessem esperar o momento de serem libertadas].
Por isso eu quero que saibas:
Tudo o que escrevo
é o que a boca não sabe dizer,
com o tom desafinado da minha voz,
em uníssono com as melodias do coração.
Por isso,
subi a este lugar elevado, sagrado
para te falar de amor
para que somes às tuas memórias
o que eu perpetuo nas minhas
sempre que me apetece
voar com os pássaros.
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