SINOPSE: "Cecilia encontrou a
carta acidentalmente. Na penumbra do sótão, soube de imediato que não
devia lê-la. Que devia devolvê-la ao seu esconderijo, fingir nunca a ter
encontrado e respeitar a vontade do marido. Afinal amava John-Paul.
Juntos, tinham três filhos e uma vida sem sobressaltos. Argumentos que
de pouco serviram perante a sua curiosidade crescente. E quando começou a
ler, o tempo parou. A confissão de John-Paul fulminou-a como um raio,
dividindo a sua vida em dois: o antes e o depois da carta. Cecilia vai
ficar agora perante uma escolha impossível. Se o segredo do seu marido
for revelado, tudo o que construíram será destruído. Mas o silêncio terá
um efeito igualmente devastador. Porque há segredos com os quais não se
pode viver."
A opinião da Margarida
Quando peguei neste livro não
sabia o que esperar! Nunca tinha lido Liane Moriarty… Mas à medida que ia lendo
ia ficando surpreendida, agradavelmente surpreendida!
Com uma escrita simples e
bastante acessível consegue prender-nos praticamente desde a primeira página. E
não deixa de nos surpreender até à ultima.
E tudo começou por causa do Muro
de Berlim… e do toque do telefone!
Cecília resolve procurar no sótão
da casa, meticulosamente arrumado, organizado e etiquetado (como tudo na sua
vida), uma pedra, que trouxe de uma viagem que fez a Berlim pela altura da
queda do Muro, para oferecer à sua filha do meio, cujo interesse do momento era
tudo o que dizia respeito ao Muro de Berlim…
Depois de encontrar a “pedra do
Muro” Cecília, que tem toda a sua vida cronometrada e agendada para que nada
falhe, dá-se ao luxo de sonhar acordada durante uns minutos relembrando os seus
tempos de juventude. Mas como a vida parece ter também a sua própria agenda e
nada acontece por acaso, o telefone toca no andar de baixo “despertando-a” do
seu momento de devaneio. Um “despertar” talvez rápido demais, que faz com que
se levante demasiado depressa e derrube umas caixas que continham coisas do
marido…
Se Cecília não fosse uma mãe e
dona de casa perfeita nunca teria encontrado o envelope com a frase que poderá
mudar toda a sua vida…
"Para a minha mulher
Abrir apenas após a minha
morte"
E assim, um pequeno acidente dá o
mote para uma extraordinária “estória”…
Irá Cecília abrir o envelope? E
que impacto isso terá na sua vida meticulosamente organizada e na dos que a
rodeiam? Ler o que o envelope contém poderá ser como abrir a Caixa de Pandora…
depois será impossível fechá-la!
É um livro que nos faz também
questionar os nossos próprios valores e a importância que damos às coisas que
temos como adquiridas. O que faríamos numa situação semelhante? Cumpriríamos a
vontade escrita naquele envelope, principalmente estando o nosso marido vivo?
Ou sucumbiríamos à curiosidade e abriríamos o envelope? Faríamos o certo ou o
errado? E o que é o certo ou o errado? Saberíamos discerni-los? E saberíamos
aceitar as consequências, qualquer que fosse a nossa decisão? Conseguiríamos
continuar a confiar na pessoa que vive ao nosso lado sabendo que tem um segredo?
Qual seria a nossa reação? O que mudaria em nós e na nossa vida? É um livro que
nos coloca perante muitas questões éticas, morais ou simplesmente emocionais…
Com um ritmo perfeito e uma
atenção especial aos detalhes, a autora vai intercalando as narrativas de três
personagens, aparentemente sem ligação umas com as outras á exceção de viverem
na mesma cidade e se cruzarem num ou outro momento da vida. Para além de
Cecília, conhecemos Tess, que depois do marido se apaixonar por outra pessoa se
muda por uns tempos com o filho pequeno para casa da mãe… e Rachel, cuja filha
morreu assassinada ainda adolescente… e não consegue seguir em frente…
É acima de tudo um livro sobre
pessoas, vidas que se cruzam, sentimentos e dúvidas que se misturam, culpas que
se manifestam, mas que no final é a vida quem tem o principal papel e se
encarrega de tecer as teias necessárias para que tudo entre nos eixos e o mundo
continue a girar ao seu ritmo sempre certo!
Recomendo! E certamente irei ler
mais livros de Liane Moriarty…
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