SINOPSE: "Quando Carolina Alves se
suicida, aos 58 anos, deixa um último pedido: o de que as suas três
filhas se reúnam no seu funeral, na pequena povoação (fictícia) de Vila
Flor, Alto Alentejo.Quer que participem na festa em honra da padroeira
da mesma, pondo de lado o decoro esperado de três órfãs.
Luísa
emigrou para França, é viciada em trabalho e despreza o seu passado.
Praticamente jurara não voltar a pisar a vila da sua infância. Cecília,
recentemente casada, é pianista de fama relativa e acabara de se mudar
definitivamente para Vila Flor. Inês, que dedica a sua juventude às
causas políticas, mal recorda um pai de quem se vai falar bastante e que
morreu num trágico acidente de carro em vésperas de Natal...
Com
a ajuda de Elisa, única irmã de Carolina, vão desvendar ao longo de
quatro dias o passado inesperado da mãe, que não é bem aquilo que tinham
julgado, e que cometeu um acto indesculpável para prender, há trinta e
oito anos atrás, aquele que viria a ser o pai das suas três filhas..."
A opinião da Margarida
O que se pode dizer de um livro
que se adorou, apenas em meia dúzia de palavras?
Para além da responsabilidade
acrescida, depois da surpresa da Célia ao colocar na contracapa uma frase da
minha review ao seu “Demência”…
Não sou crítica literária e não analiso um livro sob este ponto de vista. Para mim um livro é bom se: me der prazer lê-lo; consegue envolver-me na estória; consegue uma ligação entre mim e as personagens, sentir carinho, amor, ódio, tristeza, revolta, apoio por elas e com elas.
E uma vez mais a Célia conseguiu isto tudo! E deixar-me sem palavras! Li o seu primeiro romance “Demência” de um fôlego e no fim custou-me pousá-lo, despedir-me das personagens. Apesar de ainda haver arestas a limar, normal num primeiro romance, adorei lê-lo e logo senti que a Célia tinha um dom: era uma excelente contadora de estórias! E felizmente tinha também o talento para o saber usar.
Não sou crítica literária e não analiso um livro sob este ponto de vista. Para mim um livro é bom se: me der prazer lê-lo; consegue envolver-me na estória; consegue uma ligação entre mim e as personagens, sentir carinho, amor, ódio, tristeza, revolta, apoio por elas e com elas.
E uma vez mais a Célia conseguiu isto tudo! E deixar-me sem palavras! Li o seu primeiro romance “Demência” de um fôlego e no fim custou-me pousá-lo, despedir-me das personagens. Apesar de ainda haver arestas a limar, normal num primeiro romance, adorei lê-lo e logo senti que a Célia tinha um dom: era uma excelente contadora de estórias! E felizmente tinha também o talento para o saber usar.
E assim, esperei ansiosa, pelo
seu segundo romance. Queria voltar à escrita da Célia, queria confirmar o que
me parecia já evidente: que tínhamos à nossa frente uma promessa na literatura
nacional. E finalmente tive nas mãos “O Funeral da Nossa Mãe”, A sinopse
prendeu-me de imediato, talvez por ser da mesma geração da personagem, talvez
por ter filhas…
E a escrita da Célia fez o resto:
prendeu-me do princípio ao fim!
Os romances da Célia são
essencialmente sagas familiares onde normalmente o papel das personagens
femininas se evidencia e destaca de longe, em relação às personagens
masculinas. Mulheres fortes a quem a vida moldou, e mesmo que essa força se
manifeste de formas diferentes o seu sentido de família sobrepõe-se a tudo,
inclusive aos seus sentimentos pessoais mais profundos. E mais uma vez a Célia
mostrou uma maturidade impressionante ao criar a Carolina, a Luísa, a Cecília,
a Inês e todas as outras personagens ao conseguir entrar na sua alma, na sua
mente, entender os seus fantasmas, os seus medos, os seus anseios, os seus
segredos mais recônditos…
Gosto também muito da sua escolha geográfica. Primeiro uma aldeia na Beira Alta, agora uma aldeia no Alentejo. Dá-nos a assim a conhecer um pouco do nosso Portugal interior. As suas descrições conseguem fazer-nos “ver” os pormenores, as cores, os cheiros…
Mas falemos um pouco do romance em si.
Gosto também muito da sua escolha geográfica. Primeiro uma aldeia na Beira Alta, agora uma aldeia no Alentejo. Dá-nos a assim a conhecer um pouco do nosso Portugal interior. As suas descrições conseguem fazer-nos “ver” os pormenores, as cores, os cheiros…
Mas falemos um pouco do romance em si.
A estória é arrebatadora,
envolvente e a forma como nos é contada, intercalando presente com passado onde
as recordações das personagens têm um timing perfeito, onde os segredos vão
sendo revelados à medida que as personagens vão crescendo é simplesmente
deliciosa!
Após o suicídio da mãe, Luísa,
Cecília e Inês voltam a juntar-se após anos de separação em que cada uma seguiu
a sua própria vida. A sua ideia inicial era assistirem ao funeral da mãe e
depois cada uma partir de volta para as suas “zonas de conforto”, mas como a
vida nem sempre (ou quase sempre!) não é como queremos vêem-se envolvidas no
descortinar da vida dos seus pais, de segredos que não imaginavam, mas que de
uma forma ou outra moldaram as suas personalidades e que influenciaram toda a
sua vida. E à medida que se vão apercebendo de tudo que as rodeou sem terem
tido disso consciência acabam por verificar que são mais os laços que as unem
que aqueles que as separam.
Luísa, aparentemente fria e
calculista, dada mais a desamores do que a amores acaba por se reencontrar
consigo própria. A personagem de que mais gostei!
Cecília, a sensível e amorosa,
Cecília sempre pronta a justificar e entender toda a gente. Sensível como só um
artista pode ser, acaba também por se compreender e saber o que realmente
procura.
Inês, a irmã mais nova, a menina
rebelde que se refugia na política, para fugir à sua própria sensibilidade e às
suas inseguranças, que se refugia no seu temperamento para fugir de um passado
que não quer lembrar.
A tia Elisa, o equilíbrio que
todas precisam. O elo com o passado até agora desconhecido e que com a sua
tranquilidade consegue juntar todas as pontas soltas, que faltavam para que as
três irmãs conseguissem montar a manta de retalhos que é a sua própria família
e a sua própria vida.
Carolina, ainda que não seja a
personagem central é a peça fundamental para o desenrolar de toda a estória.
Lourenço, aquele pai
aparentemente distante, objecto de um amor doentio com o qual não sabe lidar, e
que apesar de também ele ser capaz de amar profundamente, não sabe como o
mostrar.
E finalmente, os maridos e
namorados que ajudam a compor o ramalhete final e que à sua maneira são também
peças importantes na vida das três irmãs.
É um romance que vale a pena ser lido, passado num Portugal que é só nosso, mas onde as estórias de vidas que vão acontecendo, poderiam acontecer em qualquer parte do mundo. É acima de tudo uma estória de pessoas, que amam, que odeiam, que sofrem, que rejubilam, que anseiam, que tem medos, almas povoadas de fantasmas, mas gente real! Como a própria Célia diz: “histórias que não são a história de ninguém, mas serão certamente a história de alguém.”
É um romance que vale a pena ser lido, passado num Portugal que é só nosso, mas onde as estórias de vidas que vão acontecendo, poderiam acontecer em qualquer parte do mundo. É acima de tudo uma estória de pessoas, que amam, que odeiam, que sofrem, que rejubilam, que anseiam, que tem medos, almas povoadas de fantasmas, mas gente real! Como a própria Célia diz: “histórias que não são a história de ninguém, mas serão certamente a história de alguém.”
É difícil despedirmo-nos das
personagens, das suas alegrias e tristezas, das suas vidas...
Notei apenas um ponto negativo, ou melhor um ponto menos positivo: achei alguns parágrafos demasiados extensos, por vezes páginas seguidas com poucos diálogos, mas que no entanto não prejudicaram em nada a estória.
Parabéns mais uma vez e continue a ser a excelente contadora de estórias que é, e obrigada por partilhar o seu dom connosco!
Notei apenas um ponto negativo, ou melhor um ponto menos positivo: achei alguns parágrafos demasiados extensos, por vezes páginas seguidas com poucos diálogos, mas que no entanto não prejudicaram em nada a estória.
Parabéns mais uma vez e continue a ser a excelente contadora de estórias que é, e obrigada por partilhar o seu dom connosco!
E estou já ansiosa à espera do
próximo!
Vou republicar no Alentejo Literário!
ResponderEliminarA minha casa é a tua casa! Está à vontade!
Eliminarbj :)
Ai quero tanto este livrinho :D Mas acho que me vou estrear com a autora com o "Demência" :P
ResponderEliminarQuero-o imenso ;) ******