SINOPSE: "Auschwitz-Birkenau, o campo do horror, infernal, o mais mortífero e implacável. E uma jovem que teima em devolver a esperança. Sobre a lama negra de Auschwitz, que tudo engole, Fredy Hirsch ergueu uma escola. Num lugar onde os livros são proibidos, a jovem Dita esconde debaixo do vestido os frágeis volumes da biblioteca pública mais pequena, recôndita e clandestina que jamais existiu. No meio do horror, Dita dá-nos uma maravilhosa lição de coragem: não se rende e nunca perde a vontade de viver nem de ler porque, mesmo naquele terrível campo de extermínio nazi, «abrir um livro é como entrar para um comboio que nos leva de férias»."
A opinião da Filipa
Livros acerca da segunda guerra mundial continuam a figurar entre os meus favoritos. É um tema que não me canso de ler e o qual me ensina sempre algo, mesmo do mais horrendo que seja.
Foi o que este livro fez.
Relatou-me acontecimentos que mais uma vez eu desconhecia, pois, penso que, quando leio algo sobre Auschwitz, vem-me logo ao pensamento cenários horríveis, mas, nunca tinha lido algo tão bem descrito, como este.
O dia a dia relatado. E quando falo em Auschwitz, peco se não referir também o campo de Bergen-Belsen.
Com isto, refiro também que, um dos meus livros favoritos de sempre é "O diário de Anne Frank" e que neste relato feito neste livro, Anne Frank e a sua irmã são "avistadas". . .
Foi o que este livro fez.
Relatou-me acontecimentos que mais uma vez eu desconhecia, pois, penso que, quando leio algo sobre Auschwitz, vem-me logo ao pensamento cenários horríveis, mas, nunca tinha lido algo tão bem descrito, como este.
O dia a dia relatado. E quando falo em Auschwitz, peco se não referir também o campo de Bergen-Belsen.
Com isto, refiro também que, um dos meus livros favoritos de sempre é "O diário de Anne Frank" e que neste relato feito neste livro, Anne Frank e a sua irmã são "avistadas". . .
Este livro. . . NÃO é ficção.
Antonio G. Iturbe conheceu a corajosa Dita Kraus e a partir daí. . . este notável livro desenrolou-se. . .
É uma estória em que Dita nos acompanha descrevendo todos os horrores por que passou desde 1939, o dia em que rebentou o fim da paz para ela e a restante família. . .
Refiro que, escrevo "relato", mas, a estória está escrita como se tivéssemos nesses anos de guerra, ou seja, vivenciamos o dia-a-dia dos prisioneiros, os diálogos entre eles, as suas provações, os mortos todos os dias, o cheiro a carne putrefacta, o céu de Auschwitz. . . sempre cinzento. . . negro. . . todos os dias pontuados com chuvas de cinza. . .
Conhecemos os nazis. O comportamento das SS nos campos, o desrespeito, o tentarem tirar a pouca dignidade que restava. . .
Os mais temidos, O MAIS temido, conhecido como doutor morte: o Doutor Mengele.
As chamadas todos os dias intermináveis com vista a saberem se alguém ousou tentar fugir. . . as inspecções para saber se estava tudo como eles queriam. . . as selecções. . . seleccionando os aptos dos não aptos. . .
No meio de tudo, uma quantidade de pessoas corajosas que existiram e tentaram comunicar (se é que isso era possível com os SS) e os olhavam de cabeça erguida, entre eles: Fredy Hirsch.
Um homem que só muitos anos mais tarde após o final da guerra, Dita, conseguiu realmente saber o que se passou com ele, após anos de rumores. . . E Dita não quis contar ao autor o que sabia. O que nos foi contado, foi o que o autor passou para o livro sabendo o que o marido de Dita escreveu posteriormente num livro de. . . ficção. . .
Mas não posso apenas referir uma pessoa, ou duas, contando com Dita. Foram imensas as pessoas que não desistiram, mesmo caminhando para a morte. . . menciono o senhor: Morgenstern.
Um homem que todos tomavam como louco, mas que Dita, soube ver mais além. . .
Digo ainda que, apesar da maioria dos nazis serem completamente loucos e desprovidos de humanidade, haviam alguns que não estavam de acordo com o que se estava a passar.
No entanto, recrutados como estavam, se se recusassem a fazer o que quer que fosse, também eles eram executados. . . claro.
Então. . . não matar, não maltratar, não repudiar, NÃO era opção.
Há uma história de amor neste livro entre um nazi e uma judia. . . (a relação entre o tenente das SS, Viktor Pestek e a judia René Naumann).
Uma história trágica que tem um fim antes do início. . . ou não?
No fim de toda esta leitura espantosa, Antonio G. Iturbe conta-nos o que se passou com a maioria das pessoas relatadas e ficamos a saber que fim tiveram. . .
No fim de toda esta leitura louvável, reencontramos Dita após a guerra. . . Dita já velhinha e com a mesma determinação de quando garota.
A bibliotecária de Auschwitz continuava e continua, firme e a ultrapassar o que a vida lhe dá. . . uma senhora, que, numa altura de desespero deu alento a muitas outras. Deu força e teve força.
Admiro estas pessoas, pois, eu, em condições tão adversas não sei se não seria uma das centenas/milhares de pessoas que todos os dias se direccionava para os arames farpados electrificados e aí recebia a sua sentença. . .
Termino esta minha opinião que já vai longa e não conseguindo fazer jus a tudo o que este livro é, com algumas das belíssimas passagens que tem.
E são mesmo algumas, pois se me pusesse a transferir tudo, penso que transferiria o livro todo. . .
Um diálogo:
"- De quantos assassínios estamos a falar?"
"- Quem sabe? Há um turno de dia e outro de noite, nunca pára. Pelo menos duzentas ou trezentas pessoas de cada vez, e isto só no nosso crematório. Por vezes, é uma vez por dia, outras duas. Muitas vezes os crematórios não dão vazão para queimar os corpos e mandam-nos levar os cadávares para uma clareira do bosque. Içamo-los para um camião e depois é preciso descarregá-los outra vez.
"- E enterram-nos?"
"-Isso exigiria demasiada mão-de-obra! Não querem. Que Deus me perdoe. Regamo-los com gasolina e pegamos-lhe fogo. Depois é preciso apanhar a cinza à pazada e carregá-la num camião. Acho que a usam como adubo. Os ossos das ancas são demasiado grandes e o fogo não os consome. É preciso triturá-los."
"- Meu Deus. . . "
"- Para o caso de alguém não saber. . . isto é Aushwitz-Birkenau."
"Apercebe-se que é fácil medir o tamanho do heroísmo, quantificá-lo em honrarias e medalhas. Mas como se mede a coragem dos que renunciam?"
"Num lugar como Auschwitz, onde tudo foi concebido para fazer chorar, o riso é um acto de rebeldia".
"Pergunta-se se na verdade podemos escolher ou se os golpes do destino nos mudam quer queiramos quer não, como os golpes do machado mudam a árvore verdejante e a transformam em lenha seca".
"O nosso ódio é a vitória deles".
"Toda a gente pensou que a Cruz Vermelha ia aparecer com um bisturi para abrir as entranhas do Holocausto e mostrá-las ao mundo, mas afinal, apresentou-se com pensos rápidos."
". . . Porque a esperança passou a ter a espessura de uma lâmina de barbear. E cada vez que uma pessoa lhe pega, corta-se."
Porque toda a gente fala das doenças, do trabalho forçado, da comida inexistente, da higiene inexistente, mas. . . ninguém fala do desalento e da derrota que mata tanto ou mais que o resto tudo. . . (frase dita algures por Dita Kraus).
Antonio G. Iturbe conheceu a corajosa Dita Kraus e a partir daí. . . este notável livro desenrolou-se. . .
É uma estória em que Dita nos acompanha descrevendo todos os horrores por que passou desde 1939, o dia em que rebentou o fim da paz para ela e a restante família. . .
Refiro que, escrevo "relato", mas, a estória está escrita como se tivéssemos nesses anos de guerra, ou seja, vivenciamos o dia-a-dia dos prisioneiros, os diálogos entre eles, as suas provações, os mortos todos os dias, o cheiro a carne putrefacta, o céu de Auschwitz. . . sempre cinzento. . . negro. . . todos os dias pontuados com chuvas de cinza. . .
Conhecemos os nazis. O comportamento das SS nos campos, o desrespeito, o tentarem tirar a pouca dignidade que restava. . .
Os mais temidos, O MAIS temido, conhecido como doutor morte: o Doutor Mengele.
As chamadas todos os dias intermináveis com vista a saberem se alguém ousou tentar fugir. . . as inspecções para saber se estava tudo como eles queriam. . . as selecções. . . seleccionando os aptos dos não aptos. . .
No meio de tudo, uma quantidade de pessoas corajosas que existiram e tentaram comunicar (se é que isso era possível com os SS) e os olhavam de cabeça erguida, entre eles: Fredy Hirsch.
Um homem que só muitos anos mais tarde após o final da guerra, Dita, conseguiu realmente saber o que se passou com ele, após anos de rumores. . . E Dita não quis contar ao autor o que sabia. O que nos foi contado, foi o que o autor passou para o livro sabendo o que o marido de Dita escreveu posteriormente num livro de. . . ficção. . .
Mas não posso apenas referir uma pessoa, ou duas, contando com Dita. Foram imensas as pessoas que não desistiram, mesmo caminhando para a morte. . . menciono o senhor: Morgenstern.
Um homem que todos tomavam como louco, mas que Dita, soube ver mais além. . .
Digo ainda que, apesar da maioria dos nazis serem completamente loucos e desprovidos de humanidade, haviam alguns que não estavam de acordo com o que se estava a passar.
No entanto, recrutados como estavam, se se recusassem a fazer o que quer que fosse, também eles eram executados. . . claro.
Então. . . não matar, não maltratar, não repudiar, NÃO era opção.
Há uma história de amor neste livro entre um nazi e uma judia. . . (a relação entre o tenente das SS, Viktor Pestek e a judia René Naumann).
Uma história trágica que tem um fim antes do início. . . ou não?
No fim de toda esta leitura espantosa, Antonio G. Iturbe conta-nos o que se passou com a maioria das pessoas relatadas e ficamos a saber que fim tiveram. . .
No fim de toda esta leitura louvável, reencontramos Dita após a guerra. . . Dita já velhinha e com a mesma determinação de quando garota.
A bibliotecária de Auschwitz continuava e continua, firme e a ultrapassar o que a vida lhe dá. . . uma senhora, que, numa altura de desespero deu alento a muitas outras. Deu força e teve força.
Admiro estas pessoas, pois, eu, em condições tão adversas não sei se não seria uma das centenas/milhares de pessoas que todos os dias se direccionava para os arames farpados electrificados e aí recebia a sua sentença. . .
Termino esta minha opinião que já vai longa e não conseguindo fazer jus a tudo o que este livro é, com algumas das belíssimas passagens que tem.
E são mesmo algumas, pois se me pusesse a transferir tudo, penso que transferiria o livro todo. . .
Um diálogo:
"- De quantos assassínios estamos a falar?"
"- Quem sabe? Há um turno de dia e outro de noite, nunca pára. Pelo menos duzentas ou trezentas pessoas de cada vez, e isto só no nosso crematório. Por vezes, é uma vez por dia, outras duas. Muitas vezes os crematórios não dão vazão para queimar os corpos e mandam-nos levar os cadávares para uma clareira do bosque. Içamo-los para um camião e depois é preciso descarregá-los outra vez.
"- E enterram-nos?"
"-Isso exigiria demasiada mão-de-obra! Não querem. Que Deus me perdoe. Regamo-los com gasolina e pegamos-lhe fogo. Depois é preciso apanhar a cinza à pazada e carregá-la num camião. Acho que a usam como adubo. Os ossos das ancas são demasiado grandes e o fogo não os consome. É preciso triturá-los."
"- Meu Deus. . . "
"- Para o caso de alguém não saber. . . isto é Aushwitz-Birkenau."
"Apercebe-se que é fácil medir o tamanho do heroísmo, quantificá-lo em honrarias e medalhas. Mas como se mede a coragem dos que renunciam?"
"Num lugar como Auschwitz, onde tudo foi concebido para fazer chorar, o riso é um acto de rebeldia".
"Pergunta-se se na verdade podemos escolher ou se os golpes do destino nos mudam quer queiramos quer não, como os golpes do machado mudam a árvore verdejante e a transformam em lenha seca".
"O nosso ódio é a vitória deles".
"Toda a gente pensou que a Cruz Vermelha ia aparecer com um bisturi para abrir as entranhas do Holocausto e mostrá-las ao mundo, mas afinal, apresentou-se com pensos rápidos."
". . . Porque a esperança passou a ter a espessura de uma lâmina de barbear. E cada vez que uma pessoa lhe pega, corta-se."
Porque toda a gente fala das doenças, do trabalho forçado, da comida inexistente, da higiene inexistente, mas. . . ninguém fala do desalento e da derrota que mata tanto ou mais que o resto tudo. . . (frase dita algures por Dita Kraus).
Bem este livro já fazia parte dos livros que queria ler este ano, agora fiquei ainda mais curiosa.
ResponderEliminarNomeei o vosso blog numa Tag gostava que uma de vocês respondesse
http://aminhavidaeumaart.blogspot.pt/2014/02/liebster-award-discover-new-bloggers.html
O livro parece ser muito bom e ter uma história incrivel! Fiquei muito curiosa depois de ler a tua review :)
ResponderEliminarNádia, respondo com muito gosto a essa tag mas não sei muito bem onde. . . a não ser que responda e depois aqui a Clarinda (quem comanda este navio, leia-se blogue :D publique) ;)
ResponderEliminarNádia e Ana, se e quando puderem, apostem, principalmente se gostarem muito do tema como eu ;) **
O melhor desse livro é ele ser baseado em fatos reais.
ResponderEliminarMuito bem escrito e cheio de esperança.
Recomendo.