Observa os sinais lisíveis nesta pedra despretensiosa
e os que estão no chão mais rigoroso, em seu interior
invisível, perto da alma, em arquipélagos adormecidos.
São sinais transparentes duma vida fugidia, obscura
para residir no seio da noite, até à idade das estrelas,
até às espirais do caos luminoso de uma nova matemática/
física de plasmas que não terá árvores nem mares de amar.
Por isso, contemplamos nesta pedra o cerco dos abismos,
um mecanismo dizendo o mesmo mecanismo intrínseco.
E procuramos, sobre o frio livro dum lago, interpretar
as leis que levam ao mesmo ruir das casas inabitadas
ou habitadas por meros fenómenos de solidão, sombras,
a epistemologia ignorada dos metais duros que decaem
se aquecemos a alma com um fogo extenso, susceptível
duma queda, a um timbre mais desconcertaste da música.
Ao olhar estas realidades, procuraremos uma interpretação
para o rumor imaterial dum beijo, um anseio limpo batendo
ao mesmo ondear dos trigais, o pulsar do coraçãozito
dum pardal, se tento aprisioná-lo na palma da minha mão.
Não nos coíbe a aparência inerte da pedra; outra química
que desconheça a cor esmaltada da romã, as uvas nos lábios
duma menina ainda virgem de saber o segredo das cubas,
os licores clandestinos que trazem as lágrimas da alegria.
Mas é preciso entender os sinais encobertos na pedra, ecos
que se vêem nas margens sem fronteiras, na solidão dos céus,
e condenam a fria charneca destes lugares, ao
desencantamento,
como se não fosse nunca mais possível separar os dois
círculos,
ter uma existência livre, autónoma, morrer sem deixar rasto.
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