Minha cabeça
febril estremece. Ela tem tantas coisas para pensar.
Eu tenho
tantas coisas para dizer urdidas nesta cabeça febril
que pensa.
Eu procuro escrever a cor das ideias que afluem
à minha
cabeça sem saber sequer se elas têm cor.
Creio que
elas podem ter a cor que nós lhe quisermos dar,
nesta
loucura que pensa tudo e pensa nada ao mesmo tempo.
Bate-me a
alma por dentro. Sempre neste bater constante
parece um
coração a bater na expectativa de não perder a vida.
Às vezes é
já um bater ténue que se transforma no gorgolejar
de um ruído
áspero dum barco que se afunda aos poucos.
O meu barco
sem velas e sem bússola num horizonte desconhecido.
Na minha
cabeça o silêncio tentador com misturas de imprevistos faz doer.
Houve tempo
em que com os meus dedos firmes eu fazia vibrar
as flâmulas
da vida. Hoje, com eles, eu toco ao de leve, apenas,
as trémulas
campânulas da luz. Desta luz que ainda teima e alumia.
Da luz que
da noite se faz dia. Da luz que tomba na sua aura de agonia.
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