SINOPSE: "Juntam-se duas coisas que nunca antes haviam sido juntas. E o mundo
transforma-se… O novo livro de Julian Barnes é sobre balonismo,
fotografia, amor e sofrimento; sobre juntar duas coisas, duas pessoas, e
sobre separá-las. Um dos jurados que atribuiu a Barnes, em 2011, o
Prémio Man Booker descreveu-o como «um incomparável mago do coração».
Este livro confirma essa tese."
A opinião da Vera
Foi a minha estreia com este autor. Estava à espera
de outra coisa. Não sei bem o quê, mas o livro não era o que eu esperava,
talvez por não o ter lido na melhor altura. Ainda assim é um autor que quero
tentar ler novamente. Pela forma como escreve e como cativa e envolve o leitor.
Ainda assim, passa-nos uma bela mas sofrida mensagem,
que nos deixa a pensar e nos faz refletir e quando isso acontece, o livro
cumpre a meu ver, a sua função maior.
Com expressões carregadas de significado e que nos
fazem parar de ler para refletir e interiorizar a mensagem que o autor quer
passar, Os Níveis da Vida é um livro que fala de uma relação improvável: os
balões, a morte e o amor. Consegue falar do balonismo e de fatos históricos
relacionados com o tema, como a primeira subida de balão, algumas
personalidades do século XIX que o fizeram, as primeiras fotografias aéreas,
entre outros, e associar-lhe outro tema, um tema mais profundo e doloroso, como
o é a morte de alguém que nos é querido.
Na primeira parte o autor conta-nos algumas
histórias. A de Sarah e Burnaby é uma delas. Uma história de amor sem um final
feliz. Ele era um boémio disposto a mudar o mundo pela diva por quem se
apaixonou e ela, uma atriz de teatro famosa que não está disposta a prender-se
nem a perder o seu séquito de bajuladores. No fim, fica a honestidade e a
verdade de Sarah. Burnaby teria de viver com isso.
Na segunda parte o autor abre-se para o leitor. Ele perdeu
a sua mulher em 2008, vítima de um tumor, e no livro relata-nos um pouco da sua
experiência, mas de uma forma tão vivida e dolorosa que nos faz sofrer junto
com ele e que nos faz querer trazer-lhe algum conforto na dor que é a perda de
alguém que amamos.
Conta-nos como foi que aconteceu, desta forma
"...entre um Verão e um Outono houve ansiedade, alarme, medo, terror.
Foram trinta e sete dias do diagnóstico à morte. Tentei nunca desviar o olhar,
enfrentar sempre as coisas; daí resultou uma espécie de lucidez demente."
Faz-nos temer pela nossa própria reação perante uma adversidade desta
magnitude.
Ao longo do livro aparecem várias vezes repetições
diferentes desta mesma ideia: «Juntamos
duas coisas que ainda não se tinham juntado. E o mundo transforma-se. Nesse
momento as pessoas podem não dar por nada, mas não importa. De qualquer maneira,
o mundo transformou-se». Palavras simples com um significado grandioso.
E depois, chamando o leitor para a sua perda remata
desta forma que é daquelas frases que não quero esquecer:
"... às
vezes resulta, e algo de novo se faz e o mundo transforma-se. Então, a dada
altura, mais cedo ou mais tarde, por esta ou aquela razão, um deles é levado. E
aquilo que é levado é maior do que a soma do que lá estava. Isto pode não ser
matematicamente possível, mas é emocionalmente possível.”
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